O blogueiro bolsonarista Wellington Macedo, acusado de integrar a organização criminosa que planejou um atentado a bomba no aeroporto de Brasília, no ano passado, prestou depoimento à Justiça aos prantos e de forma remota. Ele está foragido desde a última véspera de Natal.
Tanto Macedo quanto George Washington de Oliveira Sousa, que teria preparado o explosivo, e Alan Diego dos Santos e Sousa, que colocou a bomba em um caminhão que transportava combustível de aviação para o aeroporto de Brasília, foram tornados réus em janeiro depois que o TJ-DF aceitou denúncia do Ministério Público.
No depoimento ele disse ser evangélico e que passou a “orar muito” desde os acontecimentos. Ele contou ainda que ia ao Quartel-General do Exército, onde havia um acampamento bolsonarista instalado, como um jornalista. Segundo ele, o seu objetivo seria “cobrir os atos de forma isenta”.
“Queria ver o que tinha acontecido. Peguei o carro e voltei ao local para ver, eram 8 horas da manhã. Só ia acreditar se visse a polícia no local e vi muita polícia no local. Dei graças a Deus daquilo não ter explodido. Voltei para casa sem saber o que fazer”, declarou, aos prantos. As imagens foram obtidas pelo jornalista Evandro Éboli, do Metrópoles.
Bomba/aeroporto (vídeo): bolsonarista que dirigia o carro da bomba no aeroporto depôs à Justiça, por vídeo. Está foragido. Wellington Macedo chorou, disse ser evangélico desde criança e que passou a orar qdo. o companheiro deixou a bomba no caminhão. Garantiu não saber até então. pic.twitter.com/1kmjnTUWrX
— Evandro Éboli (@evandro_eboli) July 13, 2023
Macedo também relatou o medo de voltar para a prisão. Em 2021, o bolsonarista teve a prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por ter instigado bolsonaristas a invadirem a mais alta instância do Judiciário brasileiro, no feriado de 7 de setembro daquele ano.
“Em frente a casa, muito nervoso, pensei em ligar para a polícia, e ao mesmo tempo fiquei com medo por causa do monitoramento. Sofri muito quando passei 40 dias naquele presídio. 41 dias sem ter feito nada. Eu não queria voltar praquele lugar, fiquei com medo de ligar do meu número e ficar registrado. E me prenderem. Eu não dormi”, disse Wellignton.
Bomba/aeroporto (vídeo 2) – À Justiça, Wellington contou q passou no dia seguinte ao da bomba no caminhão em frente ao aeroporto e deu "graças a Deus de não ter explodido". Nesse dia, 25/12, cortou sua tornozeleira e fugiu. E confirmou q trabalhou 11 meses com Damares, no MDH. pic.twitter.com/ygTjXNmO9N
— Evandro Éboli (@evandro_eboli) July 13, 2023
Em 26 de abril, a o jornal Folha de S.Paulo publicou uma entrevista com o simpatizante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na qual ele disse estar se abrigando em uma fazenda de um empresário bolsonarista. Ele afirmou ser vítima de perseguição e prometeu não se entregar à Justiça.
“Não voltei mais para casa, fui para outra cidade. Estou numa fazenda de pessoas que conheci no acampamento [montado diante do Quartel-General do Exército em Brasília]. Estou bem isolado, longe”, declarou por telefone.