Jair Bolsonaro usou a entrevista no Jornal da Record, que foi ao ar nesta sexta-feira (9), para desvincular sua imagem com a do general Augusto Heleno. Na reunião da cúpula do governo, divulgada pela Polícia Federal na investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, o ex-Ministro-Chefe de Segurança Institucional do Brasil defendeu rompimentos institucionais e uma “virada de mesa” antes das eleições de 2022.
“É o trabalho da inteligência dele, eu não tinha participação alguma. Raramente eu usava as inteligências das Forças Armadas, a própria Abin, a Polícia Federal”, falou o ex-presidente.
Nas imagens da reunião, que foram encontradas no computador do do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), general Heleno falou que era necessário mudar o cenário antes das eleições acontecerem. O tema do encontro era a possibilidade quase certa da eleição de Lula no pleito de outubro de 2022.
“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”, declarou Augusto Heleno, na ocasião.
“Eu acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro”.
Em outro momento da reunião, o general Augusto Heleno mencionou ter falado com um diretor da Agência Brasileira de Investigação (Abin) sobre a possibilidade de infiltrar espiões nas apurações do TSE. O ex-presidente, no entanto, pediu que o militar falasse com ele sobre o assunto em particular.
“General, peço para que não fale, não prossiga na sua observação”, disse Bolsonaro. “Se a gente começa a falar para não vazar, vai vazar.”
Atenção para o Bolsonaro largando a mão do General Heleno no primeiro dia de Carnaval pic.twitter.com/IaRV0ryWER
— Renan Brites Peixoto (@RenanPeixoto_) February 10, 2024