O ex-presidente Jair Bolsonaro, durante reunião com ministros e assessores em 5 de julho de 2022, afirmou que sua eleição em 2018 foi uma “cagada do bem”. O encontro foi promovido para discutir e orientar ataques do governo ao sistema eleitoral, e embasou a operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta (8).
“Essa cadeira aqui é uma cagada estar comigo, uma cagada. Não vai ter outra cagada dessa no Brasil, cagada do bem, para deixar bem claro. Como é que alguém vai eleger um deputado fodido como eu? Um deputado de baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado”, afirmou Bolsonaro na ocasião.
Ele foi eleito em 2018 com 55,13% dos votos, sendo escolhido por 57.796.986 pessoas, enquanto Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, teve 47.038.963 votos (44,87%). Essa foi a terceira menor vantagem sobre adversários no segundo turno desde a redemocratização, perdendo somente para Fernando Collor em 1989 (53,03%) e a reeleição de Dilma Rousseff em 2014 (51,64%).
?? Veja o vídeo da reunião que embasou a megaoperação de ontem contra Jair Bolsonaro, ex-ministros, ex-assessores e militares.
Furo da @BelaMegale, do O Globo.pic.twitter.com/ZKjQcIrnUs
— Eixo Político (@eixopolitico) February 9, 2024
Em outro momento do encontro, ele ainda sugeriu fraude nas eleições de 2022, dizendo que Lula venceria mesmo se ele tivesse “80% dos votos”.
“Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida de que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições”, afirmou.
Ele ainda atacou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, dizendo que eles estariam “preparando tudo” para que o petista vencesse a disputa.
“Alguém acredita em Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes? Se acreditar, levanta braço. Acredita que são pessoas isentas?”, questionou o então presidente enquanto ministros e assessores permanecem em silêncio.