O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, tinha “autonomia” no esquema de venda de presentes oficiais no exterior. A declaração ocorreu nesta sexta (18), depois do advogado do tenente-coronel, o criminalista Cezar Bitencourt, afirmar que seu cliente faria uma confissão.
“Ele tinha autonomia. Não mandei ninguém fazer nada”, afirmou Bolsonaro ao Estadão. Confrontado com uma declaração de Cid, de que teria vendido o relógio Rolex e repassado US$ 25 mil a ele em espécie, o ex-presidente alegou que “não recebeu nada”.
Bolsonaro também se manifestou sobre a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou sua quebra de sigilo e da ex-primeira-dama Michelle. “Tudo incomoda, mas sem problema nenhum”, afirmou.
A entrevista ocorreu em Abadiânia (GO), onde ele se encontrou com apoiadores para tirar fotos. Bolsonaro também culpou a legislação sobre o itens recebidos no exterior e diz que ela é “confusa”. “Todos esses presentes deram problema. A legislação é confusa, é de 1991, se não me engano”, prosseguiu.
Segundo Bolsonaro, ele não tinha acesso ou registro de todos os presentes recebidos no exterior e que esses itens são de responsabilidade do GADH (Gabinete Adjunto de Documentação Histórica) do Gabinete Pessoal do Presidente da República.
“Quando você recebe presentes de fora do Brasil, você recebe muitos presentes, nenhum presente vem comigo, no meu avião, vem no outro avião, e vai diretamente para o tal do GADH, para cadastrar e classificar. Não tenho acesso a tudo que chega lá. Tenho nove mil itens: metade deles são camisetas e bonés, e o que eu vou fazer com isso aí?”, alega.