O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa, disse que o “voto envergonhado” nas eleições deste ano favorece o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A declaração foi feita durante entrevista à CNN Brasil, enquanto ele fazia uma análise sobre a mudança das estratégias de comunicação das campanhas.
“Eu tenho recebido várias perguntas sobre voto envergonhado. Todo mundo diz ‘o Bolsonaro bomba na internet, como é que as pesquisas mostram ele atrás’, então, muita gente faz a hipótese de que haveria um voto envergonhado no Bolsonaro”, começou Nunes.
“O que a gente fez? Nós usamos uma técnica que foi desenvolvida por um professor de Ciência Política de Harvard, o Kosuke Imai em um trabalho sobre o Afeganistão para tentar idenficar aliados do Al-Qaeda, quando o Departamento de Estado americano precisava entrar no Afeganistão, o Kosuke foi convidado a pensar uma metodologia em survey (em pesquisa) que pudesse a ajudar os americanos a chegarem lá e entender esse quadro”, acrescentou.
Segundo Felipe, o problema era o mesmo do racismo. “Se você perguntar, ‘você é racista?’, as pessoas vão dizer ‘não’, mas se você disser, ‘você conhece alguém racista’, as pessoas vão dizer ‘conheço’. É a mesma coisa do Taliban, ninguém dizia que conhecia, que era amigo, o que o Kosuke fez: ao invés de perguntar para as pessoas o que elas fazem, vamos perguntar quantas coisas de uma lista elas fazem”, afirmou.
“Você dá uma lista para um pessoal de controle, uma lista para um pessoal de tratamento, são dois grupos diferentes, só que a lista do grupo de tratamento tem um item a mais, que é aquele que te interessa, no caso do Afeganistão seria o apoio ao Bin Laden, no caso da eleição americana era o voto no Trump, no caso da eleição brasileira, o voto no Bolsonaro”.
Ao fazer esse experimento com Genial/Quaest, ele disse ter descoberto que “o voto envergonhado no Brasil não é no Bolsonaro, o voto envergonhado no Brasil é no Lula”.
“Há um contingente significativo de eleitores brasileiros que não consegue, no debate público, defender a sua opinião, a sua intenção de votar no Lula porque não consegue responder à pergunta que o seu adversário político, o bolsonarista, faz, que é: ‘como é que você vai votar em um ladrão?’. O eleitor não sabe responder isso. Então ele se cala. Ele não muda de opinião, ele contina votando no Lula, mas ele não se expressa”, explica o diretor do instituto.
Veja o vídeo
Assistam ao vídeo com atenção.
A Genial/Quaest conduziu experimento para saber se estaria havendo "voto envergonhado" em Bolsonaro.
Tudo conforme os melhores protocolos internacionais de pesquisa.
Adivinhem em quem a pesquisa captou o voto silencioso? pic.twitter.com/qBhqgEViTW
— Dawisson Belém Lopes (@dbelemlopes) September 13, 2022