VÍDEO: Diretor-geral da PF diz que Abin monitorou ilegalmente 30 mil pessoas contrárias ao governo Bolsonaro

Atualizado em 4 de janeiro de 2024 às 22:05
Andrei Rodrigues falando para a câmera, com gravata vinho, camisa branca e terno preto
Andrei Rodrigues em entrevista desta quinta (4) – Reprodução/GloboNews

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é acusada de monitorar ilegalmente cerca de 30 mil pessoas que seriam críticas ao governo durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), revelou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira (4).

De acordo com Rodrigues, as investigações conduzidas pela PF sobre o caso revelaram que os dados monitorados estavam armazenados remotamente em Israel, utilizando uma nuvem para o armazenamento de informações.

“A investigação tem apurado que de fato houve o monitoramento de muitas pessoas — estima-se em 30 mil pessoas — clandestinamente, ou seja, de maneira ilegal”, afirmou o diretor-geral.

“Fizemos já prisões, buscas e apreensões e há análise de todo esse material sendo feito, inclusive, recuperamos dados de nuvem, e aqui veja a gravidade, esses dados de monitoramento dos cidadãos brasileiros estavam sendo armazenados em nuvens em Israel, porque a empresa responsável por essa ferramenta ela é israelense”.

O diretor-geral enfatizou a inaceitabilidade da situação e expressou a expectativa de que a investigação identifique os responsáveis pelo monitoramento, para que possam responder perante a Justiça.

Rodrigues mencionou a operação desencadeada pela PF em outubro passado, que investiga o alegado uso ilegal de um software de geolocalização pela Abin durante o governo Bolsonaro. A operação resultou na prisão preventiva de dois servidores e em 25 ações de busca e apreensão.

Por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, cinco servidores da agência foram afastados de seus cargos na ocasião.

O diretor-geral da PF ressaltou a extrema gravidade do uso indevido dessa ferramenta de monitoramento de pessoas. “Estamos aqui falando de fragilidade do sistema de comunicação do país a partir do uso ilegal de uma ferramenta que, em nenhuma hipótese, poderia estar sendo usado por uma agência que não tem atribuição legal”, afirmou.

“Monitoramento de comunicações ou de telefone só pode ser feito em investigação criminal e autorizada pela autoridade judiciária, o que não foi o caso”.

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