VÍDEO – Flagrante de um atentado contra a saúde pública: pastor diz que Coronavac transmitirá câncer e HIV

Atualizado em 16 de dezembro de 2020 às 20:16

O pastor Davi Goes, do Ministério Canaã, em Fortaleza, ultrapassou o direito à liberdade de expressão ao pregar contra a Coronavac, vacina em fase mais avançada para começar a ser aplicada no Brasil.

Ele propagou mentiras sobre efeitos da vacina.

“Você não vai sentir nada, mas, depois de um tempo, doenças aparecerão. Muitas pessoas vão morrer de câncer achando que foi porque comeu algumas coisa, porque era hereditário, mas na verdade é por causa da vacina”.

Ele diz também que a vacina poderá introduzir HIV no organismo.

O pastor pode até falar que não recomenda a vacina, mas mentir dolosamente para impedir o poder público de implementar medidas que evitem a disseminação de doença contagiosa pode ser interpretado como crime.

O artigo 268 do Código Penal prevê pena de um mês a um ano, além de multa, a quem “infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa”.

Em alguns Estados, foi criada multa para quem propagar, dolosamente, fake news sobre a vacina. Este seria um tipo mais adequado par enquadrá-lo. Mas o Ceará não tem lei específica para isso..

Nesse caso, o artigo 268 do Código Penal poder poderia ser usado para abertura de uma investigação.

O pastor diz que há um texto, escrito por um médico francês, que revela que o vírus foi criado em laboratório da França e introduzido na China, para, a partir dali, se espalhar pelo mundo.

“Foi escrito em francês”, diz ele, num linguajar típico do mentiroso. Se houvesse médico francês autor de um texto criminoso desses, o lógico é que fosse escrito na língua dele.

Mas, mesmo que fosse escrito em hebraico ou grego, poderia ser facilmente traduzido.

Ele menciona o idioma para tentar dar autoridade a um lixo propagado do púlpito de uma igreja. A uma mentira escandalosa.

Esse texto não existe. Nem médico francês que tenha propagado tamanha sandice.

O pastor, que é bolsonarista, ataca o governador de São Paulo e defende o ídolo.

“No mundo não tem uma nação comprando vacina da China, quem tá comprando? São Paulo. O governador de São Paulo”. (…) “Você concordando comigo ou não, tem um presidente doido aí dizendo que no Brasil não vai ser obrigado ninguém tomar, porque, se fosse outro, dizia que vai todo mundo tomar. Já que tá vindo a vacina, não me obrigue a tomar, eu tomo se eu quiser, porque eu não tenho coragem de tomar uma vacina que vem da China, o país de origem do vírus, é loucura”.

A vacina não é obrigatória.

O que esses genocidas estão tentando fazer é criar uma guerra contra a vacina voluntária.

É preciso investigar esse pastor.

O direito constitucional à liberdade de culto não protege quem atenta contra a saúde pública de maneira tão esncadalosa.

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Atualização:

O DCM recebeu nota do advogado Ângelo Gadelha, que representa o pastor Davi Goes. Ele solicita direito de resposta, que o site, como de praxe, concede:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

O pastor Davi Goes vem por intermédio de sua assessoria jurídica esclarecer a respeito de matérias que vem sendo divulgadas pelos meios de comunicação nas quais atribuem a sua autoria a afirmação de que o “uso de vacina contra o COVID-19 provoca câncer e possui HIV”.

Inicialmente, destacamos que tal afirmativa não condiz com a conduta praticada pelo Pr. Davi Goes. Vejamos: em culto ministrado na igreja na qual já pastoreia pelo período de 10 anos, mais precisamente na data de 19 de novembro do presente ano, realizando estudos escatológicos da Bíblia, ele cita matéria científica vinculada em alguns portais e canais de vídeo da internet na qual o autor Lamartine Posella tece comentários sobre fala de cientista francês que se pronunciou nesse sentido. Além dessa matéria, o Pr. Davi Goes também embasou seu comentário em entrevista divulgada pelo cientista francês Luc Montagnier, ganhador do Nobel de Medicina, publicada na revista ISTOÉ sob o título: “novo coronavírus foi frabricado acidentalmente em laboratório chinês, diz descobridor do HIV”.

Desta feita, percebe-se que os comentários do Pr. Davi Goes foram feitos tomando como supedâneo reportagens de cientistas vinculadas em grandes meios de comunicação nacional. Não se pode atribuir a ele a autoria de tais notícias. Ao apresentar estas informações aos membros da igreja durante o culto, o Pastor fazendo uso de seu direito constitucional de liberdade de expressão emitiu sua opinião pessoal, cabendo a cada um dos membros analisar e ponderar as informações repassadas, inclusive as científicas. Pensar de maneira diversa seria subjugar a capacidade de entendimento dos ouvintes da pregação.

O recorte do vídeo em apenas um pequeno trecho dissociado de sua grande parte, essa de aproximadamente 40 minutos, realizado de maneira maldosa, assemelhando-se a Fake News, acaba por desvirtuar sua finalidade, tirando do contexto sua fala e conduta, que sempre primou pelo zelo com a sociedade e segurança de todos.

Em sua trajetória como pregador do evangelho não há sequer uma conduta que possa desabonar a vida do Pr. Davi Goes, que infelizmente vem sofrendo juntamente com sua família infundados ataques odiosos.