VÍDEO – Lessa diz que ter sido contratado por R$ 25 milhões para matar Marielle

Atualizado em 31 de outubro de 2024 às 17:47
O ex-PM Ronnie Lessa durante depoimento em julgamento nesta quinta-feira. Foto: reprodução

No julgamento pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018, o ex-policial militar Ronnie Lessa, réu confesso do caso, afirmou ter sido contratado por R$ 25 milhões para executar o crime. Durante seu depoimento por videoconferência ao 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (31)  Lessa detalhou o planejamento e execução do duplo homicídio, além de expressar um suposto arrependimento.

“Infelizmente, não podemos voltar no tempo, mas hoje tento fazer o possível para amenizar (…). Fiquei cego, fiquei louco. A minha parte era R$ 25 milhões. Eu reconheço. Não tenho vergonha hoje de falar isso. Tirei um peso das minhas costas confessando o crime. Vou cumprir o meu papel até o final e tenho certeza absoluta que a justiça vai ser feita”, explicou.

O ex-PM também revelou que, antes de receber a proposta para assassinar Marielle, foi abordado entre o fim de 2016 e o início de 2017 com uma oferta milionária para matar o então deputado estadual Marcelo Freixo, atual presidente da Embratur. Na época, Freixo tinha um histórico de enfrentamento às milícias no Rio de Janeiro, sendo o relator da CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

“Eu achei inviável, uma loucura isso aí. Houve uma suspensão nessa questão”, afirmou Lessa. Porém, em setembro de 2017, surgiu a proposta para o assassinato de Marielle Franco. Segundo Lessa, ele não sabia inicialmente o nome da vítima. “Não me falaram o nome dela, não sei nem se quem propôs sabia o nome dela”, disse ele, revelando que a vereadora foi descrita apenas como alguém que “entraria no caminho” de um plano lucrativo para as milícias.

No depoimento, Lessa também explicou o contexto que o grupo de milicianos o levou ao planejamento do crime. Marielle era uma forte crítica das práticas milicianas e defensora dos direitos humanos. À época, ela se manifestava contra um projeto que previa flexibilizar exigências legais e urbanísticas na regularização de imóveis na zona oeste do Rio.

Marielle Franco e Anderson Gomes, vítimas da Milícia em 2018. Foto: reprodução

O assassino disse que a vereadora era vista como um obstáculo à venda de loteamentos no bairro Tanque, área controlada por milicianos. “Na época, o que me foi dito é que ela entraria no caminho, seria uma pedra no caminho, da venda de dois loteamentos no Tanque”, declarou.

Durante a sessão, nove testemunhas prestaram depoimento, sendo sete delas indicadas pelo Ministério Público e duas pela defesa de Lessa. Este julgamento inclui também o ex-PM Élcio de Queiroz, outro réu confesso no caso. Ele foi identificado como o motorista do carro que perseguiu e fechou o veículo de Marielle e Anderson na noite do crime.

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