O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou a responsabilidade dos países ricos na crise climática durante sua participação, por videoconferência, na cúpula dos BRICS, realizada na Rússia, nesta quarta-feira (23). O líder brasileiro fez um breve discurso, de pouco mais de sete minutos.

“O BRICS é um ator imprescindível no combate à mudança do clima, e não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões resultou na crise climática que enfrentamos hoje. É necessário ir além dos 100 bilhões anuais prometidos e não cumpridos, e estabelecer mecanismos de monitoramento para os compromissos assumidos”, afirmou Lula.

Lula, que planejava participar do evento presencialmente, precisou cancelar sua viagem no último sábado (19), após sofrer uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, onde bateu a nuca e precisou de cinco pontos. A cúpula foi presidida pelo líder russo, Vladimir Putin, que atualmente detém o comando rotativo do bloco.

Além da questão climática, o mandatário aproveitou sua fala no BRICS para divulgar as pautas que o Brasil tem promovido à frente do G20. O presidente brasileiro destacou a importância de temas como a taxação das grandes fortunas e a criação de uma “aliança global” para erradicar a fome.

“Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm dado à presidência brasileira no G20. O apoio de vocês foi essencial para avançarmos em iniciativas cruciais para a redução das desigualdades, como a taxação dos super-ricos. Nossos países implementaram, nas últimas décadas, políticas sociais bem-sucedidas que podem servir de exemplo para o mundo todo.”

Ele também mencionou a “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”, que já está ganhando adesão: “Convido todos a se juntarem à iniciativa, que começou no G20, mas está aberta a outros participantes”.

Durante seu discurso, Lula ainda tocou em questões recorrentes de suas intervenções internacionais, como críticas às guerras entre Israel e grupos como Hamas e Hezbollah no Oriente Médio, a democratização do acesso às vacinas e à inteligência artificial, e a proposta de uma “moeda comum” para transações comerciais entre os países do BRICS, que eliminaria a necessidade do uso do dólar.