O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, reiterou na última quinta-feira (25) a importância do financiamento estatal para o desenvolvimento industrial, destacando uma mudança de paradigma em relação ao Consenso de Washington, que, segundo ele, “não é consenso nem em Washington mais”.
“Essa ideia de Estado mínimo, desregulamentação, privatizações, como se isso fosse resolver todos os problemas do desenvolvimento, esses valores estão sendo substituídos por uma retomada muito intensa de política industrial, de política de fomento ao desenvolvimento”, declarou.
Segundo Mercadante, um estudo do FMI identificou cerca de 2.000 medidas de política industrial que envolvem subsídios, a maioria concentrada em países como China, União Europeia e Estados Unidos. Ele enfatizou que essa “mudança de paradigma” representa uma oportunidade para o Brasil, especialmente no contexto da transição energética global.
“É evidente que nós não temos a mesma capacidade fiscal, nós não temos como competir com os recursos que nós estamos vendo. Nós temos alguma e temos que usar com muita inteligência”, afirmou. O ex-ministro da Casa Civil ainda comentou que o momento também oferece “uma janela de oportunidade para o Brasil”, que tem potencial para liderar a transição energética no mundo.
O presidente do BNDES também defendeu o aumento do valor destinado ao plano de neoindustrialização do governo, que conta com R$ 250 bilhões do banco para financiamento do setor até 2026, representando 80% do pacote de R$ 300 bilhões.
Mercadante destacou que, até março, o Brasil “teve um crescimento de 68% nas consultas e de 92% nas aprovações”. “Passamos de R$ 100 bilhões dos R$ 250 bilhões que prometemos”, concluiu.
As declarações foram feitas durante o fórum “Financiamento à neoindustrialização: mobilizando o crédito para a inovação”, organizado pela ABDE (Associação Brasileira de Desenvolvimento) e pelo BNDES, no Rio de Janeiro.