Hamilton Mourão, o general vice do capitão, deu entrevista ao programa de TV Conflict Zone, da Deutsche Welle.
Segundo ele, “está tudo ok”, apesar do aumento das queimadas da Amazônia e no Pantanal, da epidemia de covid-19 e do desastre generalizado.
Mourão resumiu, à sua maneira, o circo que comanda com o chefe: “O Brasil é um país muito diferente e, bem, algumas coisas que acontecem aqui não acontecem em outros países”.
É nosso excepcionalismo desgraçado.
O jornalista Tim Sebastian não deu folga para o sujeito e o apertou do começo ao fim. Sebastian pertence à linhagem de jornalistas britânicos que pegam pesado.
Mourão se virou como pôde num inglês razoável.
O idioma, no entanto, é o menor do problemas. Não é nada perto de sua delinquência moral e intelectual.
O ponto mais baixo foi sua defesa do coronel Brilhante Ustra, um torturador psicopata.
De acordo com Mourão, Ustra “era um homem de honra e um homem que respeitava os direitos humanos de seus subordinados”.
Aos demais, o pau de arara.
Leia abaixo. No pé deste artigo, o vídeo:
Bem, durante a votação para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro dedicou seu voto a um dos mais notórios torturadores do regime, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Este homem foi condenado por tortura durante os 21 anos de ditadura militar. No ano passado, seu presidente o chamou de herói nacional. Na unidade que ele dirigia foram identificados 502 casos de tortura. O senhor tem heróis bastante bons em seu governo atualmente, não é?
Em primeiro lugar, não concordamos com tortura. A tortura não é uma política com a qual nosso país simpatize. E claro, quando há muita gente que lutou contra a guerrilha urbana no final dos anos 60 e início dos anos 70 do século passado, e muitas dessas pessoas foram injustamente acusadas de serem torturadoras.
Então o coronel Brilhante Ustra foi injustamente acusado, e o senhor também pensa que ele foi um herói, apesar dos 500 casos de tortura que foram atribuídos à unidade dele?
O que posso dizer sobre o homem Carlos Alberto Brilhante Ustra, ele foi meu comandante no final dos anos 70 do século passado, e era um homem de honra e um homem que respeitava os direitos humanos de seus subordinados. Então, muitas das coisas que as pessoas falam dele, eu posso te contar, porque eu tinha uma amizade muito próxima com esse homem, isso não é verdade.
Então ele foi injustamente condenado por tortura? Foi tudo inventado? O julgamento foi forjado?
Em primeiro lugar, não estou alinhado com a tortura, e, claro, muitas pessoas ainda estão vivas daquela época, e todas querem colocar as coisas da maneira que viram. É por isso que eu disse antes que temos que esperar que todos esses atores desapareçam para que a história faça sua parte. E, claro, o que realmente aconteceu durante esse período … esse período passou.
"Coronel Brilhante Ustra respeitava os direitos humanos": à DW, o vice-presidente Hamilton Mourão diz que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado por tortura durante a ditadura, "era um homem de honra". Assista à entrevista completa em: https://t.co/mUdvoSmMs5 pic.twitter.com/GqTQdgDF3t
— DW Brasil (@dw_brasil) October 8, 2020