Neste fim de semana viralizou vídeo do lançamento de livro de Demétrio Magnoli na UNB em 2009. À época, ele estava lançando o livro “Gota de sangue – Uma história do pensamento racial”. Cinco anos antes, a UNB (Universidade de Brasília) havia aprovado as cotas raciais para ingresso no ensino superior. Em 2009, o assunto foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) e gerou debates, entre eles, no auditório da universidade com um ativista do movimento negro.
Com uma bancada de pessoas brancas, a mesa, que incluía Fernando Gabeira, criticava as cotas raciais até que um homem negro, que lidera um movimento, se levantou para tratar sobre o tema. Ele é chamado de membro da Ku Klux Klan. O trecho é retirado do documentário “Raça Humana: bastidores das cotas raciais na UnB”, da Câmara dos Deputados.
Hoje falam de "pluralismo". Mas o pouco espaço que negros tem nesse país foi conquistado a duras penas, arrombando a porta. Há pouquíssimos anos, era assim. Por isso até hoje não toleram a derrota na luta das cotas. Jamais vão superar que nós falemos quando nos querem enterrados. pic.twitter.com/AMkSpIOWQg
— Marcos Queiroz (@marcosvlqueiroz) October 9, 2021
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Vídeo viralizou após ser compartilhado por ativista do movimento negro
O vídeo viralizou nas redes após thread de Marcos Queiroz, ativista do movimento negro. Ele é Doutorando da UNB e pesquisador da Fulbright Brasil e lembra que “o pouco espaço que negros tem nesse país foi conquistado a duras penas, arrombando a porta”. “Há pouquíssimos anos, era assim. Por isso até hoje não toleram a derrota na luta das cotas. Jamais vão superar que nós falemos quando nos querem enterrados”, prossegue.
E @Nailahnv, emociono-me sempre vendo o seu pai nesse vídeo. Respeito e gratidão pelos nossos mais velhos.
— Marcos Queiroz (@marcosvlqueiroz) October 9, 2021
A amiga e companheira de batalhas, @Nailahnv, fez uma thread comentando os bastidores dessa luta. Vale a pena ser lida. Respeito mil por Wilson Veleci! https://t.co/ZqD3sHBD0K
— Marcos Queiroz (@marcosvlqueiroz) October 9, 2021
Para quem se espantou com as falas (chamar o movimento negro de milícia fascista e KKK), saiba que essa inversão da realidade é tática histórica e comum do racismo no Brasil. Recentemente fiz uma thread sobre isso. É o tropos escravista ainda vigente.https://t.co/L8CPEga6qt
— Marcos Queiroz (@marcosvlqueiroz) October 9, 2021
Aí a gente enquadra a intervenção das pessoas negras nesse evento na história mais ampla do Brasil: a luta pelas ações afirmativas foi uma luta contra praticamente todos os formadores de opinião do país. Grande mídia, intelectuais, partidos e etc: estávamos quase sozinhos. pic.twitter.com/b5ayMfhlFn
— Marcos Queiroz (@marcosvlqueiroz) October 9, 2021
Recentemente conversando com o prof. John French aqui nos EUA, ele me falou: "Marcos, a vitória das cotas no seu país é a maior vitória da população negra na diáspora. Em termos de políticas de direitos, não há nada parecido no mundo. É absolutamente fantástico."
— Marcos Queiroz (@marcosvlqueiroz) October 9, 2021
Sou cotista. Sou filho dessa luta. Como escrevi nos agradecimentos da minha dissertação, essas histórias não servem apenas para se falar de gratidão, pois elas fornecem o exemplo de dignidade que merece ser cultivado. Nenhum direito nos foi dado. Tivemos que arrancá-los.
— Marcos Queiroz (@marcosvlqueiroz) October 9, 2021