O general Eduardo Villas Bôas, comandante geral do Exército, é um crítico do emprego das Forças Armadas para atuar na segurança pública em ações da chamada garantia da lei e da ordem (GLO).
Os soldados ocuparam a Favela da Maré no Rio, com resultados pífios, na melhor das hipóteses.
Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, no final do ano, Villas Bôas deu um depoimento sobre essa experiência.
É um testemunho cortante contra o recurso que Temer acionou com um decreto feito de maneira açodada, em que consultou, antes de qualquer coisa, seus marqueteiros.
Disse Villas Bôas:
O último grande emprego nosso foi na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro. É uma comunidade de 130 mil habitantes. Nós ficamos lá por 14 meses. Eu, periodicamente, ia até lá e acompanhava o nosso pessoal, as nossas patrulhas na rua.
E um dia me dei conta: os nossos soldados, atentos, preocupados, são vielas, armados; e, passando crianças, senhoras, eu pensei… Estamos aqui apontando armas para a população brasileira. Nós somos uma sociedade doente.
E ficamos lá 14 meses. Do dia em que saímos, uma semana depois, tudo havia voltado ao que era antes. Então, temos que repensar esse modelo de emprego, porque é desgastante, perigoso e inócuo.