Este é um novo episódio da websérie “O Povo Pode”, sobre as caravanas do ex presidente Lula no nordeste, que está sendo financiada por crowdfunding. Os outros estão aqui. O trabalho precisa ser finalizado — e, para isso, contamos com você.
POR ISABELLA CHEDID E LUIZ AUGUSTO DE PAULA SOUZA (Tuto)
A Constituição da Organização Mundial da Saúde, em 1946, afirma como conceito que a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade.
Quarenta anos depois, em 1986, em plena efervescência das lutas sociais pela redemocratização do Brasil, o sanitarista Sergio Arouca interpretou esse conceito da seguinte maneira no discurso de abertura da 8ª Conferência Nacional de Saúde:
“Saúde é um bem-estar social que pode significar que as pessoas tenham mais alguma coisa do que simplesmente não estar doentes. Que tenham direito à casa, ao trabalho, ao salário condigno, à água, à vestimenta, à educação, a ter informações sobre como se pode dominar esse mundo e transformá-lo. Que tenham direito ao meio ambiente que não seja agressivo, mas, pelo contrário, que permita a existência de uma vida digna e decente. Que tenham direito a um sistema político que respeite a livre opinião, a livre possibilidade de organização e autodeterminação de um povo e que não esteja todo tempo submetido ao medo da violência, daquela violência resultante da miséria, e que resulta no roubo, no ataque. Que não esteja também submetido ao medo da violência de um governo contra o seu próprio povo, para que sejam mantidos interesses que não são interesses do povo (…)”.
Esse conceito ampliado de saúde está implícito no capítulo Saúde para Todos da web-série do filme “O Povo Pode”. Um registro das transformações que ocorreram na aldeia Pankararu, em Pernambuco, a partir de políticas públicas que geraram cidadania, justiça e bem-estar social durante os governos progressistas de Lula e Dilma. O episódio retrata a trajetória do indígena Jefferson da Silva Barros, que saiu da aldeia pra se formar médico.
Clínico geral por convicção, que acredita na saúde como direito e não mercadoria, e que decidiu desempenhar a profissão no SUS – o maior sistema de saúde universal do mundo. Sistema que, hoje, assim como o país, apresenta sintomas de doença grave; doença política, institucional e social, nascida dos muitos direitos sociais atacados e destruídos a partir do golpe de 2016.
O mal-estar da população brasileira é geral: a democracia agoniza e, com ela, as conquistas históricas no campo da saúde pública, que forjaram o SUS como política de Estado e a mais abrangente política social do país.
O episódio da web-série O Povo Pode não deixa de ser um alerta de que é preciso defender a democracia e, nela, nosso direito à saúde. Por extensão, o momento pede aos brasileiros uma defesa intransigente do SUS, mesmo sabendo que ele é processo em construção, cuja implementação ainda não foi concluída e enfrenta obstáculos, como o sub-financiamento e a ferocidade mercadológica, que não perde oportunidade para abocanhar a saúde dos brasileiros, tentando transformá-la em negócio e lucro privado. Assista ao capítulo 8 abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=QgnvQfVRLlk