Na manhã deste domingo (10), o padre católico Júlio Lancellotti e diversas entidades de direitos humanos realizaram uma missa em memória de Ryan da Silva Andrade Santos, menino de 4 anos morto por uma bala perdida em Santos, São Paulo.
A homenagem, realizada na Capela da Universidade São Judas, em São Paulo, contou com a participação de organizações como o Centro de Direitos Humanos e Educação Popular (CDHEP) e a Comissão Arns, que pediram justiça por Ryan e outras vítimas da violência.
O caso ocorreu no Morro São Bento, onde Ryan foi atingido durante uma troca de tiros entre a Polícia Militar e dois adolescentes suspeitos, um de 15 e outro de 17 anos, em perseguição. Segundo a polícia, o mais velho morreu no confronto, e o outro foi socorrido sob escolta.
Beatriz da Silva Rosa, mãe de Ryan, relatou ao g1 que seu filho brincava na frente da casa de uma prima quando foi atingido. Ele chegou a ser levado à Santa Casa de Santos, mas não resistiu.
Durante a missa, padre Júlio lamentou o sofrimento de famílias das periferias, dizendo que “a bala perdida sempre encontra os pobres e os negros”, reforçando a mensagem de que essa violência não reflete os ensinamentos cristãos.
De acordo com o relatório “Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão”, divulgado pela Rede de Observatórios da Segurança, ao longo de 2023, foram registradas 243 mortes de crianças e adolescentes por intervenção policial em nove estados brasileiros.
O estudo revela ainda que das 4.025 mortes causadas pela polícia nesses estados, 87,8% foram de pessoas negras. Esse índice representa uma média de uma pessoa negra morta pela polícia a cada quatro horas. No caso de Ryan, a PM de São Paulo confirmou que a bala que o atingiu “provavelmente” partiu de uma arma policial, embora o laudo balístico final ainda esteja pendente.
Em um comunicado, o coronel Emerson Massera, porta-voz da PM, afirmou que a origem do disparo será confirmada após a perícia. Segundo Silvia Ramos, pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, as mortes por ação policial em áreas periféricas são frequentemente enquadradas como legítima defesa sem investigação aprofundada.
Ela criticou o registro desses casos como “homicídios comuns”, o que, segundo ela, induz a uma falsa percepção de que são “acidentes pontuais”. Ele destacou a falta de políticas de responsabilização na gestão da segurança pública, o que, segundo ela, contribui para a perpetuação da violência nas periferias.
No Brasil, a taxa de letalidade policial se mostra diretamente ligada às políticas adotadas pelos governos estaduais, conforme demonstrado no aumento de 21% na taxa em São Paulo sob a atual administração de Tarcísio de Freitas e o crescimento alarmante na Bahia, que ultrapassou o Rio de Janeiro em número de mortes por ação policial.
Ele afirma que as decisões governamentais têm impacto direto nas estatísticas de violência e que uma abordagem humanizada e responsável na segurança pública poderia reduzir o número de vítimas, especialmente nas comunidades periféricas e negras.
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