A reação da jornalista Kelly Matos, da Rádio Gaúcha, ao ouvir as baboseiras do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda-feira (20), viralizou nas redes sociais.
Ela confrontou o político em diversos momentos do programa. Em um deles, Leite avisou que “há uma zona do estado em que não há dados mais precisos porque falta um radar com precisão para ter a apuração dos dados meteorológicos daquela região. Nós contratamos esse serviço, o radar ainda não chegou”.
A jornalista, por sua vez, cerrou os olhos em sinal de desaprovação e respirou fundo, enquanto o governador gaúcho continuou falando.
Certeza que a Kelly Matos aqui saiu e foi fumar um MARLBORO pic.twitter.com/w7GAn9vTFM
— ex-tuitero Cris (@crisvector) May 21, 2024
realmente minha sensação ouvindo o Eduardo Leite no Roda Viva é a mesma da Kelly Matos um horror pic.twitter.com/f1nLmqttS7
— CARLOS VIEIRA ? (@carlosdvieira_) May 21, 2024
Em meio às várias mentiras ditas por Leite na entrevista, ele afirmou que em seu governo “não há o erro do negacionismo, da omissão e não há o erro de atacar questões ambientais ou mudanças climáticas”. O governador disse ainda que “reconhece a ciência” e “busca se aliar a ela”. O que não é verdade.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Leite reconheceu a existência de estudos que apontavam para a possibilidade de fortes chuvas e inundações no estado gaúcho, mas justificou a falta de medidas preventivas mais robustas pela necessidade de priorizar outras agendas.
“Estudos existiam, sim. Mas quando assumimos o governo, o estado enfrentava uma grave crise fiscal, com dificuldades em pagar salários, hospitais e municípios. Nossa prioridade era restabelecer a capacidade fiscal do estado para garantir serviços básicos à população”, afirmou Leite.
Kelly Matos então questionou o governador sobre quais seriam essas “outras agendas”. Leite, novamente, fez mais uma declaração desastrosa. Ele culpou “o mundo das redes sociais” e as “manchetes” pela repercussão negativa de sua outra fala.
“Agradeço a sua pergunta porque dá a oportunidade de esclarecer, em virtude, inclusive, de a gente ter no mundo das redes sociais… Eu digo que fake news não é só mentir deliberadamente. Faz parte das fake news também, e da desinformação, as manchetes e os recortes que se fazem para as redes sociais para conseguir cliques, curtidas, compartilhamentos que mobilizam nas redes. Talvez, a culpa de eu não ter me expressado bem”, disse.
“Que fique claro: nós temos uma série de pautas com as quais o governo tem que lidar. A do meio ambiente, sem dúvida nenhuma, uma importantíssima, sobre a qual o governo também atua. De setembro para cá e antes mesmo disso. Mas é importante lembrar o contexto em que o governo do Rio Grande do Sul opera (…) Esses heróis que atuam na defesa civil, nos bombeiros, há três anos estavam com os salários atrasados”.
"Talvez há culpa de não ter me expressado bem"
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, fala ao #RodaViva sobre uma declaração recente a respeito do seu estado ter "outras agendas", diante das fortes chuvas.
O que poderia ter sido feito antes? O governador responde: pic.twitter.com/Mpe6sQycFq
— Roda Viva (@rodaviva) May 21, 2024
O político ainda negou que tenha afrouxado a legislação ambiental, como apontam especialistas. Ele defendeu as mudanças feitas no código ambiental do estado, dizendo: “Essas narrativas, esse mundo da desinformação usam essa afirmação, ‘Eduardo Leite alterou 400 pontos das normas do código ambiental’, como se isso por si só fosse condenação”.
“Não houve redução de restrição, houve ajuste de procedimentos para ter normas mais práticas e capazes de serem atendidas, não há redução de proteção.”
No entanto, vale destacar que a Assembleia do Rio Grande do Sul aprovou em 2020, a pedido de Leite, um código ambiental que alterou 480 normas. Especialistas avaliam que as mudanças diminuíram a proteção ao meio ambiente e podem tornar o estado ainda mais vulnerável a enchentes.