A vereadora do Rio de Janeiro Monica Benicio (PSOL), viúva de Marielle Franco, falou sobre o possível desfecho das investigações do assassinato de sua esposa juntamente de Anderson Gomes, motorista dela, em março de 2018. Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos, fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal e apontou Domingos Brazão, ex-deputado estadual pelo MDB, como mandante do crime.
“Eu confesso que recebi a notícia com alguma esperança, mas uma esperança sem um otimismo exacerbado. São cinco anos e dez meses de um assassinato, um crime que foi muito bem executado, mas como a gente sabe, não existe crime perfeito”, avaliou Benicio em entrevista ao Uol nesta terça-feira (23).
A vereadora também analisou o andamento das investigações após a mudança de governo. Em 2018, quando o crime aconteceu, o presidente era Michel Temer (MDB), e após quatro anos de Jair Bolsonaro (PL), que conduziu diversas mudanças na PF e no Ministério da Justiça para proteger seus filhos de investigações, Lula assumiu a presidência em 2023 com Dino na pasta e colocando a investigação do caso Marielle como uma de suas prioridades.
“Se um ano após a entrada da Polícia Federal o caso vem apresentando encaminhamentos, faltou sim, nesses cinco anos aí, muita vontade política”, apontou. Mônica também reclamou das “especulações e sensacionalismo” sobre a investigação, que, segundo ela, “só atrapalha o caso”. Como exemplo disso, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) tentou vincular o nome de Brazão ao PT.
Não existe crime perfeito. São 5 anos e 10 meses sem respostas, sem justiça. Desde a entrada da Polícia Federal no início de 2023 para colaboração no caso Marielle, finalmente temos visto avanços contundentes nas investigações. Vejo a possibilidade de delação premiada de Ronnie… pic.twitter.com/4OzWVcaXZm
— Monica Benicio ?️? (@monica_benicio) January 23, 2024
O trecho da entrevista foi publicada por ela em suas redes sociais. Com um texto muito parecido ao que foi dito no vídeo, a viúva de Franco escreveu que precisa ter paciência para o caso se dê como encerrado. “Qualquer informação que o delator venha a dar precisa ser respaldada e corroborada pelas investigações minuciosas do andamento do caso”, afirmou.
No fim, Monica disse que “Marielle e Anderson merecem respeito e um desfecho responsável para as investigações”, e que “todos os envolvidos nesse crime bárbaro que abalou a democracia do nosso país devem ser responsabilizados com o rigor da lei”.
“Seguiremos cobrando respostas até que se faça justiça por Marielle e Anderson”, finalizou com a contagem de dias sem a conclusão das investigações. São 2.141 dias desde que o assassinato foi cometido.