Em editorial, o jornal O Globo aponta para os riscos para o Brasil de uma eventual vitória de Javier Milei na eleição argentina, cujo primeiro turno acontece neste domingo (22). Leia trechos:
Uma Argentina em apuros será sempre sinônimo de problema para o Brasil. Os vizinhos são nosso terceiro maior parceiro comercial e principal sócio no Mercosul. Os dois países dividem 1.260 quilômetros de fronteira. Dezenas de milhares de brasileiros vivem lá, dezenas de milhares de argentinos aqui. Laços históricos nos unem.
Na geopolítica, a força do Brasil depende da estabilidade da região que lidera. Por isso a eleição presidencial de hoje é a mais preocupante em décadas. O favorito é Javier Milei, do partido A Liberdade Avança, um populista que se define como libertário. Não está descartada a hipótese de que ganhe no primeiro turno (…)
Milei segue à risca o figurino de Jair Bolsonaro e Donald Trump. Em comum, vende a imagem de ser contra o sistema político — para ele, “a casta” — e transmite a ilusão de ter soluções simples para questões complexas (…)
Antes de depositar o voto na urna, os argentinos deveriam lembrar o que aconteceu no Brasil entre 2019 e 2022. Bolsonaro foi responsável pelo maior ataque ao Estado Democrático de Direito desde a redemocratização. Instituições e seus representantes foram esculachados. Mentiras repetidas incansavelmente erodiram a credibilidade do sistema eleitoral. Fanáticos invadiram as sedes dos três Poderes numa tentativa de dar um golpe de Estado.
Milei e Bolsonaro têm suas diferenças, e Argentina e Brasil têm históricos distintos nas relações entre os poderes civil e militar. Buenos Aires com Milei na Casa Rosada não seria uma cópia de Brasília com Bolsonaro no Planalto (…).
(…) O caos da Argentina de hoje poderá ser uma fração do provocado por um eventual presidente Milei.
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