A viúva do indigenista Bruno Pereira, a antropóloga Beatriz Matos, criticou as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL), do presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Xavier, e a atuação do Exército nas buscas por Pereira e pelo jornalista britânico Dom Phillips, do jornal The Guardian.
Os dois desapareceram no início de junho durante uma viagem de barco no Vale do Javari, no Amazonas, e tiveram seus corpos encontrados no dia 15 daquele mês, mas eles só foram identificados no dia 22.
Em entrevista ao jornal O Globo, a antropóloga afirmou que as falas do chefe do Executivo e do chefe da Funai foram “aviltantes” e disse que o Exército “parecia debochar” dela e dos familiares do indigenista.
“Houve uma inatividade total do governo. Teve aquela nota Exército que estariam esperando permissão para agir, e só começaram um plano de ação quatro dias após o desaparecimento”, afirmou Matos.
Para a viúva, as autoridades envolvidas nas buscas foram “insensíveis” com a família de Pereira.
“Tripudiaram, foram insensíveis, lentos e, quando houve a pressão internacional, tentaram demonstrar serviço, mas muito centrada na Polícia Federal e Polícia Civil. O governo federal não se importa com indígenas, comunidades tradicionais e quilombolas. Esse é o recado”, acrescentou.
Ainda segundo Beatriz, os responsáveis pelo início das primeiras buscas do indigenista e de Dom foram os indígenas do Vale do Javari.
“Desde a “hora 1″, foram os indígenas que Bruno ajudou a formar que se lançaram nas buscas. Apoiadores da Univaja pagaram diárias para policiais e adquiriram equipamentos para buscas”, disse a antropóloga.