Cantores sertanejos, que tiveram shows suspensos após polêmica com cachês milionários, são acusados por músicos e funcionários por precariedade nos salários. Gusttavo Lima, que faria show por R$ 1,2 milhão, é quem mais acumula denúncias de membros de sua equipe. Wesley Safadão, que também teve show de R$ 600 mil cancelado pela justiça, tem sido alvo de acusações parecidas.
Segundo um artista que trabalhava com Gusttavo Lima, quando o cachê do sertanejo era R$ 280 mil, ele recebia apenas R$ 600 reais por apresentação. Outras acusações foram apresentadas a Ordem dos Músicos em 2018 de músicos que tiveram seus salários reduzidos.
Além disso, outras denúncias foram feitas por dois roadies (produtores que viajam com artistas para darem apoio técnico), em que eles declararam que o artista pagava um valor, mas nos comprovantes colocava um menor. Ambos recebiam R$ 350 por show e faziam, em média, 17 eventos mensais, com pagamento médio de R$ 5,9 mil ao mês.
A Justiça do Trabalho condenou o cantor em segunda instância a pagar a diferença aos funcionários. Em uma das ações, o cantor terminou de fazer o pagamento de mais de R$137 mil em abril de 2022.
“Isso é uma forma de burlar a legislação trabalhista, pois assim se paga menos impostos (que são gerados sobre a folha de pagamento), diminui a base de cálculo do recolhimento de INSS do empregado e gera pagamento menor ao trabalhador de horas e reflexos, férias, 13º e FGTS”, explicou a advogada trabalhista Ana Cláudia Arantes
Safadão também foi alvo de denúncia de funcionários. Um deles alegou que quando os shows do cantor chegavam a R$ 600 mil, ele recebia R$ 4 mil por mês. O instrumentista afirmou que a banda tinha mais cinco pessoas que trabalham em média 30 shows por mês. Ou seja, menos de 1% do cachê dos shows eram destinados a banda.