Publicado originalmente no blog do autor
Por Fernando Brito
Não é o primeiro, não será o último.
Wilson Witzel, na prática ex-governador do Rio de Janeiro termina, de maneira melancólica, sua passagem relâmpago pelo Palácio Guanabara.
Poucos duvidam de sua inocência nas falcatruas que se armaram aqui com fornecedores, mas não é essa a razão de sua queda, essencialmente.
Witzel surgiu do nada para eleger-se governador por ser um híbrido da era Bolsonaro-Moro, da qual absorvia o “faz arminha” – foi ao lado dele que dois brutamontes se exibiram com a placa quebrada com o nome de Marielle Franco – e como o “juiz” que vinha dar fim à corrupção da era Cabral, como um neomoro carioca.
Eleito, porém, Witzel achou que era um reizinho, mandou fazer faixa “presidencial”, desfilou comemorando a morte de um perturbado mental que sequestrara um ônibus na ponte Rio-Niterói e filmou-se num helicóptero cheio de artilheiros, que fizeram a “façanha” de metralhar uma barraca de crentes em Angra dos Reis.
Uma caricatura que acreditava em sua própria imaginária exuberância.
Não era esse o papel que o clã Bolsonaro queria, mas apenas o de protetor da família nas suas muitas encrencas cariocas. Witzel não correspondeu e, pior, com poucos meses de mandato passou a representar a comédia de candidato a Presidente.
Ora, se nem Moro podia, por que Witzel poderia?
Ninguém pode nada ao lado dos Bolsonaro, senão obedecer-lhes cegamente e submeter-se, como um capacho, às suas ramificações familiares.
A lista é longa: Gustavo Bebianno, Santos Cruz, João Dória, os dirigentes do PSL, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, tantos mais…
Witzel nasceu como cria de Bolsonaro e agora descobre que Saturno devora suas crias.
Vai sem deixar saudade e nenhuma obra aproveitável. Ou melhor, uma só: usar textos de Merval Pereira e, sua defesa, o que deve estar deixando arrepiados os bigodes no lorde da direita.