Uma onda de fake news sobre as urnas eletrônicas dominou o X (ex-Twitter) após seu desbloqueio no Brasil. A rede social voltou ao ar no último dia 8 por determinação de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e nas 48 horas seguintes foram feitas dezenas de milhares de publicações alegando fraude nas eleições municipais.
Segundo levantamento do Instituto Democracia em Xeque divulgado pela coluna de Malu Gaspar no jornal O Globo, usuários fizeram ao menos 32 mil publicações com informações falsas sobre as eleições no período. Foram identificadas ao menos três narrativas falsas entre os perfis no X.
A primeira teoria é de que os resultados foram fraudados em 2022 contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e a mesma farsa ocorreu na disputa municipal deste ano em São Paulo. O prejudicado desta vez seria o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno.
A outra narrativa segue o discurso de bolsonaristas dos últimos anos: as urnas eletrônicas não seriam confiáveis e o voto impresso deveria ser implementado até 2026.
A terceira fake news mais presente no período foi a do horário da “virada” de Guilherme Boulos (PSOL) sobre Marçal. Segundo bolsonaristas, o psolista ultrapassou o ex-coach no mesmo horário em que Bolsonaro ficou em segundo lugar em 2022.
O momento da virada de Boulos, que aparecia atrás de Ricardo Nunes (MDB) e Marçal, foi às 18h45. Nas eleições presidenciais, Lula também ultrapassou Bolsonaro numa faixa de horário próxima. Em 2014, no entanto, a ex-presidente Dilma Roussef (PT) só chegou até a liderança contra Aécio neves (PSDB) horas depois.
Ana Júlia Bernardi, diretora de projetos do Instituto Democracia em Xeque, aponta que Marçal “também incitou” esse comportamento na rede social. “A gente vinha observando nos comentários das postagens do Marçal essa conduta”, relata.
Um dos autores do levantamento, Alexsander Chiodi, apontou que houve uma “reciclagem” de conteúdos antigos contra as urnas eletrônicas e a favor do voto impresso, como montagens usadas por bolsonaristas em outros anos. “Eles fazem referência ao mesmo discurso de 2022, principalmente no caso da derrota de Pablo Marçal, de que deveria ter voto impresso, auditável e que a apuração não é confiável”, aponta.
Apesar do levantamento analisar publicações feitas após o desbloqueio da plataforma, dois dias depois do primeiro turno, algumas publicações já impulsionavam as teorias às vésperas da votação, no período em que a rede social ainda estava suspensa.
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