Yazan Kafarneh, de apenas 10 anos, tornou-se o rosto da fome em Gaza. Em seus últimos dias, enquanto lutava pela vida, uma série de fotografias jornalísticas documentou sua situação em uma clínica no sul de Gaza, com a permissão de sua família.
Grupos de ajuda alertam que as mortes relacionadas à desnutrição estão apenas começando para os mais de 2 milhões de habitantes de Gaza. Cinco meses após o início da campanha de Israel contra o Hamas e o cerco a Gaza, centenas de milhares de palestinos estão à beira da fome, conforme relato de autoridades da ONU.
A falta de ajuda no norte de Gaza persiste, pois as principais agências da ONU suspenderam suas operações, citando pilhagens em massa, restrições israelenses aos comboios e más condições das estradas danificadas durante o conflito.
De acordo com autoridades de saúde de Gaza, pelo menos 20 crianças palestinas morreram de desnutrição e desidratação. Assim como Yazan, muitos dos falecidos também enfrentavam problemas de saúde agravados pela escassez de medicamentos essenciais em Gaza.
Duas das crianças que morreram tinham menos de dois dias de vida, alertaram autoridades de saúde, destacando a gravidade da situação e ressaltando que a desnutrição em mães grávidas e a falta de fórmula infantil podem ter contribuído significativamente para essas tragédias.
A batalha travada por Yazan e sua família
Os pais de Yazan travaram uma batalha incansável para cuidar do filho, cuja condição exigia uma dieta leve e rica em nutrientes devido às dificuldades para engolir. Após os ataques em Gaza, causados pelo conflito entre Israel e o Hamas em outubro do ano passado, a família fugiu repetidamente em busca de um lugar seguro.
A constante movimentação, no entanto, agravou a situação de Yazan, que não conseguia tolerar os abrigos caóticos e insalubres. Incapaz de andar, cada deslocamento tornou-se uma tarefa complicada. Os pais, testemunhando a deterioração contínua da saúde do filho, sentiam-se impotentes.
“Eu via meu filho ficar mais fraco a cada dia”, lamentou o pai, Shareef Kafarneh, um motorista de táxi de 31 anos de Beit Hanoun, no norte de Gaza.
A jornada da família os levou a Al-Awda, em Rafah, no sul, onde Yazan faleceu na última segunda-feira devido à desnutrição e infecção respiratória, conforme relatado pelo pediatra Jabr al-Shaer, responsável pelo tratamento. O médico atribuiu o enfraquecimento do sistema imunológico do menino à falta de alimentos.
Além disso, a ONU estima que cerca de 1,2 milhão de habitantes de Gaza precisam de assistência alimentar, e aproximadamente 0,8% das crianças com menos de 5 anos sofrem de desnutrição aguda, de acordo com a OMS.
Passados cinco meses desde o início do conflito, esses números parecem ter aumentado, com cerca de 15% das crianças do norte de Gaza com menos de 2 anos e aproximadamente 5% no sul enfrentando grave desnutrição, conforme relatado pela OMS em fevereiro.
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