Zambelli pediu invasão de urnas e contas de Moraes, diz hacker da Vaza Jato

Atualizado em 11 de julho de 2023 às 13:44
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti Netto. Foto: Reprodução

O hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti Netto, disse em depoimento à Polícia Federal que a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) pediu que ele invadisse urnas eletrônicas ou, caso não conseguisse, o e-mail e o telefone de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 2019, ele invadiu contas no Telegram, vazou mensagens de procuradores da extinta Operação Lava Jato e acabou preso pela Polícia Federal (PF).

Segundo o blog de Andréia Sadi, no G1, o hacker disse à PF que o pedido de Zambelli foi feito em setembro de 2022, num encontro entre os dois na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. Na época, Lula (PT) aparecia na frente de Jair Bolsonaro (PL) na corrida eleitoral, de acordo com as pesquisas.

No depoimento à PF, Delgatti admitiu que não conseguiu acessar o sistema da urna eletrônica nem o celular de Moares, e que não encontrou nada de comprometedor no e-mail do magistrado.

Em 2019, ele invadiu a conta de e-mail de Moraes e de outras autoridades.

Ordem de detenção falsa

Delgatti ainda revelou a criação da falsa ordem de detenção de Moraes. O hacker disse que contou a Zambelli que tinha acesso ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e sugeriu a emissão da ordem de prisão.

Segundo Delgatti, a deputada redigiu o documento e enviou para que ele o incluísse no sistema.

Temor bolsonarista

A prisão do hacker da Vaza a Jato tem assombrado o entorno de Bolsonaro, que teme uma delação. Delgatti se reuniu com o então presidente em agosto de 2022.

Na ocasião, o núcleo bolsonarista quis saber detalhes do sistema de urnas eletrônicas. No depoimento, o hacker confirmou o encontro com o ex-mandatário.

O hacker Walter Delgatti Neto. Foto: Reprodução

Prisão do hacker da Vaza Jato

Delgatti foi preso pela primeira vez na Operação Spoofing, da PF, em julho de 2019, que deteve seis hackers suspeitos de invadirem os celulares de autoridades, como procuradores do Ministério Público Federal (MPF) do Paraná e do senador Sergio Moro (União-PR), na época ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL).

O hacker passou a ter direito de responder ao processo em liberdade em setembro de 2020, contanto que respeitasse algumas restrições, como deixar de acessar a internet.

Delgatti teve novamente a prisão preventiva decretada pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, em junho deste ano. Ele foi detido em Campinas, no interior paulista. Os endereços que ele havia informado à Justiça, porém, eram em Araraquara e Ribeirão Preto, também no interior de São Paulo.

Nesta semana, a 10ª Vara Federal de Brasília autorizou que Delgatti seja solto com tornozeleira eletrônica e apresentação de relatório mensal sobre onde está e o que faz na internet.

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