Zé ‘Excelso’! Por Chico Alencar

Atualizado em 7 de julho de 2023 às 12:07
Zé Celso. (Foto: Reprodução)

Por Chico Alencar, professor e ex-deputado federal pelo PSOL

A cultura brasileira está de luto. Aos 86 anos, vítima de um incêndio em seu apartamento, morreu Zé Celso Martinez Corrêa, um dos maiores diretores teatrais brasileiros de todos os tempos.

Fundador do Teatro Oficina, esteve à frente de suas principais encenações, sempre inovadoras. Em mais de seis décadas, Zé Celso dirigiu e atuou em peças que transformaram a nossa dramaturgia.

José Celso Martinez Corrêa foi impar, singular, brilhante. Excelente, extraordinário, “excelso”.

Eu o conheci nas suas peças, quando ele se misturava à plateia, no grande ágape final – uma “orgia” teatral, um “paraíso” terrenal e breve.

Para o Zé, o teatro era a eternidade corporal aqui e agora. Oficina da divina criação, contra toda forma de opressão. “Pequenos Burgueses” (1963), “Andorra” (1964), “Roda Viva” (1967), “O Rei da Vela” (1968), “Galileu Galilei” (1969), “Na selva das cidades” (1969), “Mistérios gozosos” (1985), “Os sertões”(2002), foram algumas das peças que encenou e que marcaram época na história do teatro brasileiro.

Zé Celso sempre dizia: “não adianta resistir. O importante é reexistir”. E assim ele se foi, de repente, absurdamente, para se reinventar em outra existência. Destruído pelo fogo que mata, mas que, diria ele, também aquece, acrisola: das cinzas à ressurreição.

Zé dormia, relaxado. Imagino esse “incendiário” generoso sonhando (ou melhor, tendo pesadelo) com fogo lambendo o seu quarto, repouso do guerreiro. Zé se sentindo na porta do inferno de Dante. E, ao ler o aviso “Vós, que aqui entrais, abandonai toda esperança”, reagindo, rebelde: “Essa vocês nunca vão me tirar, porra!”

Zé Excelso, para sempre!

Zé Celso, falecido na última quinta-feira (6). (Foto: Reprodução)
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