O cantor Zé Neto causou polêmica nesta semana ao fazer duras críticas machistas e misóginas contra a cantora Anitta. O sertanejo viralizou ao dizer, durante um show, que não precisava da Lei Rouanet e quem bancava era o povo. Acontece que as afirmações e ataques do cantor foram feitos em um evento bancado pela prefeitura, ou seja, com dinheiro público.
A afirmação de Zé Neto aconteceu na Expo Sorriso, evento organizado para comemorar o aniversário da cidade de Sorriso (MT). O show, assim como todos os outros, foi pago pela prefeitura municipal e não teve sequer um real de dinheiro “pago pelo povo” que assiste às apresentações. O pagamento feito pelo povo se deve ao pagamento de impostos, já que os cachês foram bancados com dinheiro público.
O prefeito da cidade, Ari Lafin (PSDB) deu entrevistas para a imprensa regional confirmando que a Expô Sorriso seria de portões abertos. “Depois de dois anos sem a feira e enfrentando a pandemia, estamos promovendo um evento para celebrarmos o aniversário de Sorriso e a vida; justamente por isso, pensamos em um evento sem cobrança de ingressos”, afirmou no momento de divulgação.
A afirmação de Zé Neto a respeito da Lei Rouanet não chega a ser surpresa, embora mostre a cara e pau dos sertanejos a respeito do tema. Com a maioria apoiando Jair Bolsonaro (PL) a crítica sobre a lei é recorrente entre os músicos, porém, praticamente todos enriqueceram com dinheiro público.
O DCM já havia mostrado em reportagem especial que o sertanejo sequestrou os eventos em cidades pequenas do Centro Oeste e Sudeste e são bancados por dinheiro público. Os empresários desses músicos comandam as rádios e fazem gordas doações a campanhas de prefeitos, assim, exigem a presença de seus empresariados em Festas de Peões, que acontecem anualmente em comemoração ao aniversário das cidades.
Um show de um sertanejo pode custar facilmente entre R$ 200 e R$ 300 mil reais para os cofres públicos. E raramente esse tipo de evento leva cantores de outros ritmos, já que os empresários não permitem. Assim, Zé Neto ganhou muito mais dinheiro público do que Anitta ou qualquer outra cantora do funk.